quarta-feira, 25 de abril de 2012

Miguel Portas (1 Maio 1958 – 24 Abril 2012)


De frente para o mar, algures  numa praia do mediterrâneo, dois homens:

- Tens  lume?

 Tenho, são fósforos portugueses, comprei-os numa velha loja em Goa há alguns anos atrás. Tem uma caravela portuguesa com a bandeira do meu país desenhada na caixa. Podes ficar com eles.

-  Obrigado. Bonita caixa. País de grandes navegadores e heróis  o teu. Entre 1921 e 1922 cruzei-me com um ilustre português, chamado Artur Sacadura Cabral ,creio. Partilhou comigo alguns dos seus imensos conhecimentos  sobre navegação aérea. 

- Sabes que esse Artur Sacadura... não interessa. Podes não acreditar mas eu conheço-te, chamas-te Corto  Maltese não é verdade?

- Sim, chamo-me Corto e tu és o Miguel, aquele miúdo que apanhou boleia para França num carro invulgar quando tinha dezasseis anos. Que fazes aqui contemplando o mar?

- Ando novamente á boleia. Desta vez pretendo  ir de barco até Veneza  e visitar Basilica de S. Marcos, pela calada da noite. Penso que  será a  única forma de evitar os turistas.

- À procura de Deus, Miguel?

- Essencialmente á procura de aventura, como tu Corto.

- Tens razão Miguel, Deus, tesouros,heróis e aventura é tudo água do mesmo mar.
 Vem comigo, levo-te a Veneza. Conheço uma entrada secreta para a Basilica. 
Acho que esta viagem vai ser o inicio de uma bela amizade, não concordas?

Rogerio Freitas
24.04.2012